A teia perfeita
Quem gosta de fotografar sempre se impõe desafios. Como conseguir capturar em uma foto os sentimentos de uma pessoa? Aquele detalhe que torna a cena mágica? Ou uma teia de aranha perfeita? Aquela teia geometricamente sem falhas, única em seu desenho e tamanho, equilibrada e proporcional, contra uma luz correta que destaque os finos fios prateados, que com outra luz quase não seriam vistos. Detalhe: a aranha bem no centro, como que fazendo pose para a máquina. Esta é uma difícil busca de registro de uma perfeição estética!
Se falarmos de desafios pessoais ou construções estéticas, podemos nos dar o direito de colocar metas tão ambiciosas, pois isso só nos remete ao prazer, lazer e diversão. Porém, quando falamos de empresas e seus resultados, precisamos ter uma consciência maior do que é preciso e do que é possível de fato. Temos visto casos de empresas cujos resultados vieram reduzindo até chegar a um ponto crítico, o que fez com que seus dirigentes finalmente resolvessem agir na busca de soluções. É neste momento em que, muitas vezes, pecam de novo. Dessa vez, porém, pelo excesso contrário. Ou seja, se antes demoraram demais para mudar a situação, agora se imbuem da missão de implantar a perfeição em suas empresas. A teia perfeita! Nada menor do que isso tem valor. Em épocas de crises, mudanças de cenário, posicionamento de concorrentes e, algumas vezes, de carência de clientes, é preciso agir mais rápido e fotografar o que for possível, até porque amanhã a luz terá mudado de tom e uma nova foto deverá ser feita. Não é solução ficarmos esperando todas as melhores condições possíveis para agirmos. Mudar uma empresa é um processo constante e não se resume a um ato ou um fato.
Assim que for detectada a possibilidade de uma pequena mudança, ela deve ser implantada rapidamente. O mesmo deve acontecer no dia seguinte e nos demais. Devemos ter em mente onde queremos chegar, mas não podemos ficar parados esperando o ideal. Muito menos, ao detectarmos uma possibilidade de melhoria, devemos postergá-la, pois isso só vai se acumular no lote de ações futuras e, consequentemente, os resultados ficarão por mais algum tempo sem mudança. Mais vale fazermos algo pequeno hoje do que aguardarmos amanhã para fazermos coisas grandes. A vida é um processo! O que acontece é que muitos empresários, na busca da “solução definitiva” para seus negócios, postergam ações que seriam muito úteis já, neste exato momento. Perdem-se em análises adiando providências que não podem mais esperar. Como recomendação, podemos listar alguns passos que são importantes para sair da fase analítica e entrar na fase de implantação prática, lembrando que eles exigem a cabeça aberta por parte dos executivos que participarão deste processo:
1. Repense estratégias, levando em conta o posicionamento da empresa: público alvo, concorrentes, produtos e serviços. Esse pode ser um bom momento para um novo posicionamento.
2. Para as novas estratégias, analise quais são os processos a serem alterados e como passarão a ser. Aproveite este momento para reduzir tarefas desnecessárias, encurtar caminhos e deixar de lado burocracias inúteis.
3. Pense quando foi a última vez que a empresa lançou novos produtos e serviços ou mesmo quando foi que realizou um encontro de gestores para discutir alternativas e novas soluções. Acredite que isso pode ser um motivo para que se crie uma nova cultura na empresa, onde todos se sintam mais comprometidos e participativos.
4. Reduza todos os custos e despesas através de um processo de análise de contratos, parcerias, estruturas funcionais e rotinas muito antigas. Veja como isso casa com a revisão dos processos! Aproveite para fixar metas de redução de custos e despesas e incorporá-las ao gerenciamento da empresa.
Repare que essas ações são interligadas e que o ideal seria traçar um grande plano e realizá-las de uma vez, de forma coesa. Mas pode ser que sua empresa não possua estrutura ou recursos para isso, e aí vale muito a pena fazer conforme for possível, em lugar de não fazer nada.
Se ficarmos aguardando que a aranha teça a teia perfeita no momento em que estivermos perto, com a luz correta e com a máquina na mão, talvez não fotografemos nada!