(Falta de) Ética no atacado e no varejo
por Paulo Ancona Lopez
Vamos fechar um ano de sofrimento no plano econômico e perdas sociais que tão duramente haviam sido conquistados.
De repente tudo se desfaz dia após dia e parecemos adormecidos e entorpecidos, enquanto a economia desaba, os empregos somem, as empresas faturam pouco, o Natal de aproxima sem aumento de produção ou de importações, o dólar ajuda quem exporta, mas acaba com quem compra no mercado nacional pela alta de preços e redução de ganhos reais.
Todos são obrigados a achar saídas, soluções, engolir sapos, demitir pessoas, mudar planejamento e estratégias, inovar rapidamente, arrumar bicos em lugar de empregos, cavocar novos clientes, barganhar preços e quem sabe implantar, em tempo recorde, o conceito de economia compartilhada, trocando serviços por feijão. A queda foi brusca e não houve tempo hábil para planejar as mudanças necessárias, nem nas pessoas jurídicas e nem físicas.
Enquanto isso, assistimos a uma vergonha nacional, onde corruptos e corruptores barganham entre si cargos, tempo que resta, poder, possibilidades de apadrinhamentos, alvarás de soltura, usando como cenário nada menos que palácios, ministérios e o Congresso. Culpados comprovados continuam a ditar as regras desse país, a dar ordens e a jogar a economia cada vez num buraco mais fundo.
Não, senhores, o fundo do poço ainda não chegou. Ainda vamos assistir a mais batalhas nojentas por poder e o país e seu povo que esperem eles gastarem todos os cartuchos recheados de coisas podres para quem sabe, em seguida podermos iniciar uma nova caminhada e reerguer o que está sendo desmontado, a começar pela ética.
A crise econômica, hoje, está alimentada pela crise política da vergonha e dos interesses pessoais. Não é que um deputado federal defende na tribuna, o presidente da casa, com o argumento de que se ele é ladrão, há tantos que também o são?!
Creio que disso aprendemos ao menos algo. Não se a solução econômica é ortodoxa ou heterodoxa, mas que sem ética não se chega a nada que preste.
Foram alguns meses de ensinamento intensivo que deveriam fazer com que cada um de nós refletisse sobre suas relações pessoais e profissionais.
De minha parte também cansei não só do que vejo nos altos escalões do país, mas cansei também de ver empresas onde a ética e o compromisso valem zero. Alguns jogam pedra no atacado mas fazem pior no varejo.