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Food Truck - Comida sobre rodas tem desafios de gestão

Especialistas listam as vantagens dos restaurantes móveis que ganharam as ruas do País, mas alertam: negócio tem peculiaridades que não devem ser ignoradas.

Restaurantes móveis não são necessariamente uma novidade no Brasil:

carros, vans ou treilers equipados com cozinhas que carregam as vantagens de um restaurante, com flexibilidade e praticidade. A novidade, contudo, é que esses negócios evoluíram e se profissionalizaram. Agora, o chamado food truck não é apenas uma pequena empresa informal, mas verdadeiras cadeias com redes de franquias e representantes de grandes marcas. A novidade, que parece tem vindo para ficar, exige cuidados específicos para seu planejamento e gestão, garantem os especialistas. Os food trucks tem se popularizado cada vez mais no Brasil, prometendo ser uma tendência de bom negócio para 2015. Em um ano em que as previsões econômicas não são muito animadoras, impactando diretamente o setor de serviços, o mercado de alimentação surge como uma oportunidade aos que desejam empreender, já que oferecem um bom custo benefício aos clientes. Acompanhando esse movimento, o aluno Yan Pinheiro, recém-formado no curso de graduação em administração do Ibmec desenvolveu um plano de negócios de viabilidade de um food truck na cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa aponta que ainda existe uma demanda reprimida do negócio e busca por esse tipo de serviço no período noturno e madrugada. O estudo teve como base o segmento gastronômico, que cresce anualmente em torno de 15% e movimentou R$ 116 milhões em 2013, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA). O trabalho apontou que empreender em um food truck no Rio de Janeiro, apoiado em um estruturado plano de negócio é uma boa oportunidade, já que o retorno sobre o investimento ocorrerá em oito meses e que comer fora de casa tem se tornado uma prática comum. Segundo a Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert), o brasileiro gasta em média R$ 663 reais com isso. O administrador ressalta as vantagens do negócio. “Além de ser um investimento relativamente baixo, você ainda corta custos como aluguel, luvas, imposto predial e assim pode-se oferecer uma comida de maior qualidade com um preço mais acessível e maior flexibilidade”, explica o jovem. “Também existe a oportunidade de explorar um nicho ainda novo no Brasil, que com o crescente aumento de pessoas que comem fora de casa, tende a ser algo extremamente rentável”, finaliza Yan.

Experiências

O Sérvio Goran Dislioski vende hambúrgueres de tempero mediterrâneo, com toques de países Bálcãs. Ele chegou ao Brasil há mais ou menos um ano e, há dez meses, criou seu food truck. "Minha ideia é viajar qualquer dia desses pelo país inteiro com meus hambúrgueres", informou, e acabou revelando que adora a comida brasileira, ainda que traga para seu negócio, "referências de fora". O empresário Roberto Dourado, 40 anos, conta que deixou o serviço público para ingressar nesse movimento "que tem virado moda". “Tem saído bastante notícia sobre o food truck nos jornais. As pessoas gostam de se reunir onde estamos por

conta da comida e da variedade que oferecemos", explica. Dourado é sócio em um carro que vende açaí e participou, em fevereiro, de um encontro de food trucks em Brasília (DF).

Trabalho pesado

Apesar das vantagens financeiras apontadas pelo pesquisador, especialistas também lembram que o modelo de negócio tem seus desafios. “As pessoas esquecem que como qualquer restaurante, exige

uma cozinha equipada com forno, fogão e chapa. Tudo isso apertado dentro de um caminhãozinho, que por sua própria natureza já é quente. Some a isso o sol e o reflexo do asfalto”, alerta a diretora da consultoria

Vecchi Ancona Inteligência Estratégica, Ana Vecchi.

Ela ressalta que, na empolgação do modismo, muitos empreendedores tem investido em food trucks sem o devido planejamento. “Acredito que se este canal não der certo no Brasil ou for pior do que o potencial que tem, não será pelo mercado ou situação atual da economia, mas pelo amadorismo e imprudência que já estão se mostrando preocupantes”, avalia. Ela cita exemplos de investidores que estão encomendado caminhões com fornos, e posteriormente decidem comercializar hambúrgueres, alimento que utiliza chapas. Ana Vecchi explica que a fase seguinte é a da consolidação de mercado. “Nessa etapa ainda é possível entrar no setor. Em seguida, vem a depuração, quando fecham as empresas não estruturadas, que cresceram de forma desorganizada e sem planejamento”, aponta. Nestas ondas há empresas que vem para ficar e que vão se reinventar, renovar. Portanto, a avaliação desses momentos requer estudo, avaliação, muito cuidado, sem acreditar em promessas milagrosas ou mágicas. “Não deve haver amadorismo de nenhuma parte. Antes de tirar o dinheiro da aplicação há de haver estudo e responsabilidade, pois o dinheiro e a decisão são de quem compra a franquia e não, necessariamente, de quem vende”, alerta. Outra dificuldade que quem entra no setor deve estar preparado é para a insegurança jurídica. Até o momento, apenas os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba têm legislação específica sobre esse assunto. As cidades de Brasília, Porto Alegre e Belo Horizonte já trabalham na aprovação de normas, mas ainda não regulamentaram esse tipo de comércio. Para orientar os empreendedores que já investem ou querem apostar nesse segmento, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lançou na semana passada um estudo dedicado ao tema que pode ser baixado no site do Sebrae. A publicação chama a atenção para a necessidade de planejar a sustentabilidade do negócio e apresenta algumas soluções para apoiar os empreendedores, como as oficinas SEI, o Programa Alimento Seguro - PAS Mesa, o Na Medida, os 5 Menos que são Mais, dentre outras.

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