O perfil de quem faz sucesso
Com talentos naturais ou formados em cursos para a área, empresários bem-sucedidos têm algumas características em comum; planejamento e vontade de se arriscar no imprevisível mundo dos negócios.
Se você já é um empreendedor, com certeza já pensou várias vezes em achar a receita mágica de como se tornar um empresário de sucesso. Na verdade, não existe uma fórmula básica para ser bem-sucedido e é importante ter isso em mente o quanto antes. Você pode não acreditar, mas cada empresário alcança o ápice à sua maneira, que pode ser completamente diferente da de outro empreendedor. Para uns, arriscar na compra de um concorrente foi importante, para outros basta apenas algumas pequenas medidas.
De acordo com o diretor da consultoria Vecchi Ancona – Inteligência Estratégica, Paulo Ancona, o início de uma empresa requer uma série de ações e atitudes que devem ser tomadas imediatamente e muitas delas antes mesmo da empresa ser aberta. “Dentre essas, a principal é o planejamento e isso inclui estudos do mercado, da concorrência, da tendência do mercado, dos possíveis resultados, do modelo de gestão, recursos e sistemas que serão utilizados”, orienta. Ainda segundo ele, “antes do início é fundamental a realização de um plano de negócios completo, com grande enfoque não só na parte estratégica e conceitual, mas também nos estudos financeiros. Deve-se, ainda, ter muito claro o posicionamento mercadológico, o público-alvo e conceito a ser transmitido: para qual público, quais diferenciais, aonde se quer chegar, a posição perante concorrentes e como enfrentá-los”.
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Com a missão de ofertar ensino de qualidade para adolescentes e jovens, Clodoaldo Nascimento tem um lema: “educação é para todos.” O presidente da Yes! – rede de franquias de idiomas – trilhou um longo caminho até atingir mais de 150 escolas em todo o Brasil: chegou a perder 20 unidades de uma vez só. Tímido, nunca se imaginou na linha de frente de vendas de uma empresa. “Achava que só conseguiria vender para quem já queria comprar”, diz. Um ano antes de entrar para a Yes!, Clodoaldo teve seu primeiro contato como vendedor de cursos de inglês, em 1988. “Não estava rendendo como os demais, achava que não tinha perfil e pedi demissão”, conta. “Mas meu gerente negou minha saída e disse que eu tinha, sim, aptidão. Ele investiu em mim, me levou a campo para mostrar como deveria ser minha abordagem com o público”, afirma. “Fiquei encantando ao ver como ele era bom vendendo. A liderança dele foi crucial para mim porque a partir daquele dia passei a enxergar as vendas com outros olhos”, revela. Daquele dia em diante, Clodoaldo assumiu uma nova postura – seguindo os conselhos do seu chefe – e não demorou a aparecerem os primeiros resultados. Logo, outras redes o reconheceram como um bom vendedor e fizeram convites de trabalho e, entre elas, a Yes!, onde entrou também para a linha de frente de vendas da marca, mas em pouco tempo se tornou gerente.“ Não vendemos um produto palpável, vendemos sonhos: de conseguir um emprego melhor, de morar fora, ou simplesmente de entender um filme ou uma música”, ressalta. Em pouco tempo, passou a gerenciar algumas escolas do Rio de Janeiro e, depois, adquiriu suas próprias unidades. O caminho trilhado dentro da marca o levaram a assumir a presidência em 2004. “Com a morte do fundador, as herdeiras optaram por vender a operação”, lembra. Na época, Nascimento tinha seis escolas. Após assumir a presidência, em 2006, ele formatou a rede para se enquadrar nas regras do franchising e a Yes! passou a fazer parte da Associação Brasileira de Franchising (ABF). “Esse foi nosso momento mais difícil, pois tivemos desistências de vários franqueados – chegamos a perder 20 unidades porque muitos não queriam se adaptar à nova realidade”, lembra. “Investi no que acreditava ser o melhor para a rede e hoje 30% dos nossos franqueados têm mais de cinco anos de casa e mais de uma escola”, analisa.
Walter Cabral, hoje dono da empresa Walter´s Coiffeur, conta que começou trabalhando como barbeiro simples em Copacabana em 1962, com 21 anos de idade. “Isso porque procurei nos mais renomados salões da zona sul e eles não abriram as portas, até pelo meu perfil interiorano”, lembra o empresário. Ele conta que passou algumas dificuldades até chegar a conquistar seu sonho. “Mas com determinação, vontade de vencer e amando a profissão, fui atingindo o meu objetivo”, relata o empresário, que também se aperfeiçoou fazendo vários cursos, no Brasil e no exterior. Para ele, a dificuldade faz as pessoas aprenderem mais rápido. “Sem elas você esquece do aprendizado e acha que está muito bem”, afirma o empresário completando que fazer sucesso exige muito trabalho.
O dono da Over Black, Paulo Saliba, começou trabalhando como feirante aos 13 anos, com seu tio. Aos 17 anos, tornou-se gerente de uma loja dele no Saara. Ele conta que conseguiu abrir sua primeira loja três anos depois. “Lembro que ao inaugurar tinha pouca mercadoria e para a loja não parecer vazia enchia as prateleiras com caixas de camisa vazias”, lembra. Hoje, o grupo conta com 23 pontos de vendas. Ele conta que a maior dificuldade que teve foi começar o negócio sem capital numa inflação que beirava 80% ao mês. “Não fiz cursos, mas tive grandes ensinamentos práticos. O período como feirante foi como uma faculdade para mim”, afirma. Para ele, este ano as empresas que conseguirem passar sem perdas terão motivos para comemorar.“ Acho perigosa a política do governo de frear a inflação com uma taxa de juros alta, pois está acabando com os empresários que precisam de recursos, além de aumentar o desemprego”, pondera. Outro empresário de sucesso é o João Brandão, dono do Boteco Cabidinho e Paladio. Ele conta que chegou no Rio com 17 anos, no ano de 1979, vindo do interior do Ceará, e começou a trabalhar como copeiro e depois, garçom. “Com o passar do tempo fui juntando dinheiro e fui convidado para ser sócio de um botequim que estava quase falido, comecei a trabalhar e deu bons resultados. Depois vendi e comprei outro, e assim por diante”, explica. “Já tive várias compras e vendas com bares e lanchonetes, até que comprei em 2007 o Cabidinho e fiz reforma. O Paladio comprei esse ano e está funcionando já tem uns 6 meses”, conta.