Supermercados se reinventam para manter operação rentável
Com volume de vendas menor e a perspectiva de crescimento de no máximo 1% no ano, redes devem melhorar o relacionamento com a indústria e com seus consumidores.
A mudança no hábito do consumidor e o atual momento da economia têm feito com que os supermercadistas revejam suas operações. Ampliação do sortimento ofertado ao cliente e a melhoria da produtividade operacional são as palavras-chaves para que as redes não percam rentabilidade.
A necessidade de readaptação ao aumento econômico se soma à perspectiva de crescimento nulo para o ano, projetada pela Associação Paulista de Supermercados (APAS). “A expectativa é de crescimento nominal de 8,5%, mas teremos os mesmos 8,5% de inflação pressionando o setor. Com isso o crescimento será igual a zero”, disse o presidente da APAS, Pedro Celso. Para ele, mesmo com a conjuntura nada favorável, os supermercadistas de São Paulo mantêm o otimismo para 2015. “Trabalhamos com o cenário complicado desde 2014 e os supermercados tiveram crescimento real de 2,2 % e o aumento de 1,3% no número de lojas. Tentamos ser positivistas, não é um ano perdido”, disse.
Quem também mostrou mais cautela nos indicadores de crescimento foi a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Segundo o presidente, Fernando Yamada, a projeção de 2% informada no inicio do ano pela associação deve ser revista para 1%. “No ano passado nossa expectativa era crescer 2,5% e conseguimos fechar em 1,8%. Crescer mais de 1% frente a um Produto Interno Bruto (PIB) negativo mostra a importância do setor na economia brasileira”.
Hoje, São Paulo representa quase 30% do setor supermercadista e no ano passado faturou R$ 86,8 bilhões – com base em 16,5 mil lojas. Quando ampliadas para o Brasil, em 2014, as redes de supermercados faturaram R$ 295 bilhoes no País. “Temos que melhorar questões de infraestrutura para conseguir manter os investimentos no setor”, argumentou Celso.
Dados oficiais apontam que o governo brasileiro aporta 17,9% de sua arrecadação para infraestrutura, a porcentagem restante fica no “custeio da máquina pública” ressaltou o presidente da Apas.
Iniciativas
Durante divulgação de dados do setor no 31º Congresso e Feira de Negócios promovida pela entidade paulista – que acontece em São Paulo até o dia 7 de Maio - especialistas do setor enumeram algumas medidas que os supermercadistas têm adotado para não perder a rentabilidade perante um cenário complexo.
Dentre elas, está o ganho de produtividade com a mão de obra no ponto de venda. “Na capital tivemos um ganho de R$ 5,63 no faturamento por colaborador”, afirmou Pedro Celso, da Associação Paulista.
Já Fernando Yamada, da Abras, afirmou que as entidades, unidas, têm tentado melhorar a negociação com os fornecedores, assim como as empresas de cartão de crédito. “Estamos tentando diminuir o tempo para o recebimento dos pagamentos feitos em cartões de crédito e nos cartões de benefícios”, disse o supermercadista. Na opinião da diretora da Vecchi Ancona- Inteligência Estratégica, Ana Vecchi, além de melhorar o relacionamento com a indústria, os supermercadistas devem estar atentos aos preços dos produtos. “Eles precisam fazer o estoque girar e mesmo as classes mais altas da sociedade aproveitam promoções”, explicou a especialista ao mencionar o exemplo do Pão de Açúcar, que tem feito diversas promoções no setor de bebidas. “Isso mostra que ninguém está imune à crise e eles estão desovando os estoques, pois as vendas têm caído.”
Para que as redes supermercadistas se mantenham rentáveis este ano, a especialista afirmou ser necessário verificar as margens das categorias vendidas nas lojas. “Ao analisar isso, você consegue mapear os itens com baixo tíquete médio e tentar alavancar as vendas”, disse Ana, que completou: “Ações nos pontos de vendas que fale com os diferentes públicos também ajudam a ampliar o volume de vendas nas lojas”.
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