Mercado pet resiste e mostra ser opção para empreender
Segundo dados do IBGE, p aís tem 132,4 milhões de animais de estimação; em 2015, a atividade movimentou R$ 18 bilhões.
Resistente é o termo usado pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), José Edson Galvão de França, para definir o comportamento do segmento pet diante da crise econômica.
“Em 2015, o faturamento nominal cresceu 7,8% chegando a R$ 18 bilhões. Não batemos a inflação, mas tivemos desenhos bem acima do PIB que encolheu 3,8% em relação a 2014. Mesmo com todas as dificuldades atuais, o mercado pet dá sinais de resistência”, afirma.
A opinião de França é endossada pelo consultor da consultoria Vecchi Ancona - Inteligência Estratégica, Paulo Ancona. “É um dos mercados mais interessantes da atualidade, em termos de crescimento e de oportunidade”, afirma.
Todo esse otimismo tem fundamento. Hoje, no Brasil, existem mais cachorros de estimação do que crianças. A Pesquisa Nacional de Saúde, feita em 2013 pelo IBGE aponta que 44,3% dos domicílios do país possuem pelo menos um cachorro. O instituto estima que 52,2 milhões de cães habitam os lares brasileiros, o que dá uma média de 1,8 cachorro por casa.
Incluindo outros bichos de estimação como gatos, aves, peixes e répteis, chega-se ao total de 132,4 milhões de animais, o que coloca o Brasil como segundo maior mercado pet do mundo. “Estamos atrás dos Estados Unidos e bem à frente da Inglaterra, que ocupa a terceira colocação”, diz França.
Segundo Ancona, o fato de os cachorros serem considerados membros da família, influencia os resultados do segmento. “O mercado pet de luxo cresce bastante. O perfil preponderante de quem tem um cachorro é de mulheres de 25 a 40 anos. O mesmo luxo e cuidado com a comida que elas adotam para sim estendem para o cachorro”.
Apaixonadas por cachorros, as amigas Luiza Dias e Fernanda Lima se tornaram sócias no ano passado com a criação da Cozinha 4 Patas, que comercializa comida natural. “Quando descobrir que alimentar os animais com comida de verdade aumenta a expectativa de vida e o bem-estar, vi uma oportunidade de negócio e ainda de poder fazer o bem para os animais”, afirma Fernanda.
Segundo ela, a preocupação com alimentação dos cães é crescente. “Nosso objetivo macro é vender qualidade de vida. Entregamos a comida em embalagens conforme o peso do animal. Basta congelar um pote e dividir o conteúdo para duas refeições do dia”.
A empresária diz que o negócio vem crescendo, em média, 30% ao mês. “Esperamos crescer na casa de 60% ao mês até o final do ano, porque as pessoas estão ainda entendendo o que é alimentar o animal de forma natural”. A meta das sócias é recuperar o investimento de R$ 90mil em 18 meses.
Outro negócio voltado à alimentação saudável de cães é a Padaria Pet, inaugurada pelos gêmeos Rodrigo e Ricardo Chen, em agosto passado. Os engenheiros mecatrônicos conheceram o modelo de negócio em 2010, durante uma viagem aos Estados Unidos.
“Voltamos da viagem e começamos a desenvolver o projeto, mas como temos outras empresas, não tínhamos tempo. Com a crise, alguns negócios ficaram estagnados e pudemos olhar com carinho o mercado pet, que cresce ano pós ano”.
Na Padaria Pet é possível comprar produtos orgânicos, biscoitos integrais, patês para cães alérgicos, rações sem transgênicos, picolés, bolos, cerveja, comidas diversas e mais de 60 petiscos artesanais sem adição de conservantes e corantes.
Rodrigo conta que o espaço tem ainda, área para a realização de festa de aniversário, também usado para realização de cursos e workshop. “A primeira unidade foi aberta em Pinheiros, a segunda, na Rua Oscar Freire em fevereiro deste ano e é usada como loja conceito para o projeto de expansão por meio de franquias. Estamos avaliando os candidatos para iniciar a abertura de novas lojas.Vamos começar a assinar os contratos até o final do mês”.
A marca oferece modelo de franquia virtual e paga porcentual sobre as vendas. A loja física custa 300 mil. O modelo food truck pode ser montado com bicicleta, moto ou carro. O investimento varia entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. “A vantagem desse modelo é poder deslocar a loja para parques e eventos”, diz Chen.
A rede de franquia especializada em cursos de confecção e moda Sigbol Fashion também enxergou oportunidade de explorar esse mercado. Desde o ano passado, a marca oferece formação em forma de pet. “Como este é um dos segmentos menos afetados pela crise, decidimos incluir o curso entre os 30 que oferecemos”, diz o diretor Aluízio de Freitas.
Dura oito meses, com aula semanal de duas horas e mensalidade é de R$429. Os alunos aprendem a confeccionar roupas, chapéus, bolsas e camas para cachorros.
Aluna da Sigbol, Fernanda Tentin já trabalhava com personalização de roupas femininas e agora está empolgada com o retorno do novo serviço. “Estou faturando 50% a mais com a produção de moda pet”.

Franquia de clínica veterinária ainda é pouco explorada
Médica transforma negócio que opera há 23 anos em franqueador para dar suporte de gestão aos colegas.
Veterinária e fundadora da Clinicão, Monique Rodrigues Cesário Silva conta que o negócio foi criado em 1993. No ano passado, ela iniciou o projeto de franquia. “Foram 23 anos trabalhando com clínica e pet shop. A franquia foi pensada para oferecer em gestão aos veterinários. Eles costumam ter grande dificuldade na administração”, afirma.
Segundo ela, há no mercado excelentes veterinários que não conseguem manter o negócio por dificuldades de gerir o empreendimento. “Sei disso por experiência própria. Quando meu marido e eu criamos a clínica, foi bem complicado porque na faculdade de veterinária não tivemos nenhum aprendizado relacionado a gestão”, diz.
A empresária conta que eles tiveram de buscar apoio do Sebrae, além de fazer pós-graduação e MBA em gestão”.
Monique afirma que há no mercado muitas franquias de pet shop, mas clínicas veterinárias ainda não é comum. “Nosso modelo é de franquia de serviços veterinários. Oferecemos dois formatos: consultório e clínica”.
Ela recomenda que os franqueados comecem, preferencialmente, com consultório para ir crescendo de forma sustentável, com foco na área de saúde. Mas podem conciliar vendas de medicamento e alimento.
O investimento inicial para montar consultório da marca é de R$ 180 mil. “Neste modelo, o médico não pode fazer uma cirurgia no local e, se quiser oferecer internação, precisa manter plantão veterinário 24 horas”.
Já para montar uma clínica, o investimento é R$ 500 mil. No local, o profissional pode oferecer consultas, cirurgias, vacinação, internação e serviços de estética. Inicialmente, a operação requer três funcionários, mas pode chegar a 20.
Com larga vivência no mercado pet, Monique diz que 70% da demanda é para atendimento de cães. “Mas a população de gatos aumenta ano a ano. Nossos clientes buscam serviços cada vez mais técnicos”, afirma.